Era mais simples viver...
Eu gosto muito de coisas simples, quem não gosta?!
Folhear um álbum de fotografias, ver retratos tirados naturalmente, capturando momentos que a mente as vezes não consegue guardar.
A memória nem percebe que esqueceu, até ver a cena outra vez no retrato. Uma foto, cabe uma história inteira de vidas.
Gosto de "textão", mas prefiro escrevê-los num papel de carta, assinar "com carinho", fazendo promessas de reencontro.
Lacrar o envelope e enviar, contar os dias e as horas para chegar, enquanto isso sonhar com o sorriso que entrega vai causar.
Admirar cada detalhe, a cor do papel, a dobradura, o cheiro, a letra, a forma como o amor usou palavras para se eternizar, e a cada leitura, de novo, nos fazer suspirar.
Destinatário feliz, é sinal de resposta feliz, porque houve um tempo em que não se temia demonstrar amar.
Os dedos conduziam o passo, marcado no compasso do coração, tatuado no papel com tinta de uma caneta.
Eu ainda prefiro deixar um coração desenhado no vapor do espelho do banheiro, colocar bilhetes escondidos pela casa, roupa, mochila, bolsa e até na geladeira.
Ainda prefiro a companhia de um tabuleiro que trás ao redor mais gente, jogadores, parceiros.
Sem a gente perceber dentro de uma caixa de papel com regras de um jogo existiam mais vidas unidas, nos ensinando a mais valiosa regra da vida, a convivência, a comunhão, disputas e diferenças iam embora no final do futebol de botão.
Era mais simples viver, e por mais simples que fosse, tornava-se incrível.
Nas desventuras aprendiamos a perdoar e no dia seguinte estávamos juntos a jogar, brincar, correr, pular, viver.
E nas aventuras, ah! As aventuras, corrida de bicicleta, soltar pipa, imitar dancinhas ridículas de grupos musicais, fugir da bolada, se esconder e vencer, subir e descer, escalar árvores e sentir o gosto das primeiras conquistas, sentar na calçada da esquina, quartel general da rua, dividir histórias sombrias, ter medo, e mesmo assim querer tudo de novo na noite seguinte, éramos mais corajosos, mais audaciosos, éramos mais, porque não éramos tão sós.
Quando o mais fraco precisava de ajuda, ele não era excluído, simplesmente recebia o título de "café com leite".
Os pequenos deleites de uma vida rica, café com leite, banho com sabonete, travesseiro na hora de dormir, com a coberta vem abraço e beijo e pra ter certeza de um novo dia que ainda não veio era só pedir a benção dos pais e dormir em paz.
Ainda prefiro folhear as páginas do álbum de fotografias , deixar rolar memórias e histórias , escrever tudo que sinto, demonstrar com tudo o que posso, jogar, brincar, se aventurar, mesmo consciente de viver em um mundo com tantas desventuras.
Crer no poder, de cura para toda agrura, abraço bem apertado, rosto colado, voto de felicidade selado com amor e amizade.
Que privilégio viver. isso é dom, com certeza.
Isso é a vida, isso riqueza, isso sim é herança, é nobreza.
Danny Ramos
08 /11/ 2016
Muito bem Danny...simplesmente massa! Como dizíamos outrora...
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